Para-Heróis - Joanna de Assis

Livro: Para-Heróis
Autor (a): Joanna de Assis
Editora: BelasLetras
Ano: 2014
ISBN 978-858174-127-7

"Esteja pronto para se surpreender com o que vai ler neste livro. É a vida que está ao seu lado e talvez você não veja. Não precisa nem gostar de esporte, muito menos do esporte praticado por pessoas com muito mais dificuldades do que as demais, como é o caso. Basta gostar de boas histórias, como estas, contadas pelo olhar sensível e comovente da repórter Joanna de Assis. As histórias de dez pessoas especiais com um sonho em comum: tornarem-se campeões paraolímpicos. Alguns já nasceram com uma deficiência, outros a encontraram mais tarde, mas todos eles descobriram que, mesmo num corpo limitado, o que faz a diferença na vida de um herói é o coração."

*Livro cedido em parceria com a Editora BelasLetras.

Oie, tudo bom?

Eu não sei se já contei aqui, mas eu sou apaixonada por esportes. Adoro ver uma partida de futebol, vôlei, basquete, ou uma corrida de fórmula 1. Eu sempre acompanhei grandes competições esportivas com fascinação e meu tema de conclusão de curso na faculdade foi baseado na Copa do Mundo. Enfim, quando li a sinopse desse livro e descobri que falava sobre atletas paraolímpicos, eu fiquei muito curiosa para ler. Vamos conferir quais foram as minhas impressões?

"Eis minha teoria: paratletas são uma mistura de X-Men com ciborgues. E eles vão dominar o esporte. No momento que a tecnologia superar a força física humana e essa tecnologia se misturar com a força mental de um paratleta, o esporte será transformado para sempre." (pág. 10)

Joanna de Assis é uma jornalista SporTV que resolveu contar as histórias de 10 atletas paraolímpicos com um texto jornalístico bastante instigante. A introdução foi feita pelo Thiago Leifert e já me conquistou de cara. Para-Heróis é um livro de não-ficção que conseguiu emocionar e cativar a cada história contada.

Alguns atletas nasceram com problemas de saúde ou com a falta de um membro, mas alguns sofreram acidentes ao longo da vida que acabaram causando deficiências motoras e visuais. Foi uma leitura emocionante, pois cada um dos atletas retratados passou por situações difíceis, mas completamente inspiradoras. Terezinha Guilhermina, por exemplo, só foi descobrir que era cega aos 13 anos e descobriu no atletismo uma forma de brilhar. Ou o caso do judoca Antônio Tenório, que nasceu saudável e sofreu dois acidentes que o deixou cego. 

Não são relatos de atletas e sim de heróis, pois eles não venceram apenas as dificuldades da deficiência. Todos tiveram que superar o descrédito, a depressão, a pobreza, o descaso da saúde pública e as durezas que muitos brasileiros enfrentam diariamente. Eu sou suspeita porque histórias de superação sempre me ensinam muito e fazem com que eu reflita sobre minhas atitudes diárias.

"Dependência. Já pensou no significado de depender, de viver às custas de outra pessoa? Usamos a expressão para tantas coisas, mas só quem depende mesmo sabe o que é precisar de alguém para algo tão básico como mudar de lugar." (pág. 82)

A autora abre nossos olhos sobre o excesso de preconceito que as pessoas criam sobre os deficientes. Eles não são coitadinhos e suas limitações não devem gerar somente pena das outras pessoas. Eles precisam de respeito, acessibilidade e oportunidades para mostrar o potencial que possuem.

"O deficiente se aceita, os outros é que são o inferno. As pessoas fazem perguntas demais, perguntas estúpidas, Perguntas que ofendem." (pág. 48)

O esporte paraolímpico, assim como qualquer esporte, é muito desvalorizado no Brasil e todas essas histórias mostram a persistência e a garra desses esportistas. A autora construiu textos coerentes, emocionantes e enriquecedores, sem apelar para o sentimentalismo. Claro que algumas histórias me deixaram emotiva, mas a autora não usou esses artifícios para prender o leitor. A Joanna tem um texto direto e envolvente que conquista e instiga durante a leitura.

"Os paralímpicos são muito mais competitivos do que os atletas ditos normais, com o corpo íntegro e perfeito, Quem nasce ou adquire uma deficiência ao longo da vida passa por tanto preconceito que a única forma de ultrapassar os tais olhares e dúvidas sobre capacidade é mentalizando a superação o tempo todo." (162)

A diagramação do livro está bem trabalhada, com letras de tamanho confortável, introdução diferenciada em cada início de capítulo e imagens em preto e branco dos atletas.

Clodoaldo, Daniel, Alan Fonteles, Terezinha e  muitos outros, tem suas histórias contadas por meio de capítulos curtos, dinâmicos e bem escritos. É impossível não se emocionar. É impossível não se solidarizar. É impossível não se impressionar com a força de vontade desses atletas. Uma leitura recomendada para os amantes do esporte e para leitores em geral.

Beijos!